Crime foi planejado; segundo o delegado, o homem alegou dificuldades financeiras para justificá-lo
Davi Piazza Pinto, de 38 anos, confessou ter matado o próprio filho, um menino de 11 anos com autismo não verbal e deficiência visual, em João Pessoa (PB). O corpo da criança, natural de Campo Grande, foi encontrado em uma cova rasa de cerca de 20 centímetros em uma área de mata no Bairro Colinas do Sul. Segundo a Polícia Civil, o assassinato foi motivado pela “incapacidade” do pai de continuar pagando a pensão alimentícia, no valor de R$ 1,8 mil.
De acordo com o delegado adjunto da DCCPES (Delegacia de Crimes Contra a Pessoa), Bruno Victor Germano, o crime foi meticulosamente planejado. “Ele veio de Florianópolis para João Pessoa com o objetivo de matar o filho. Contou à mãe da criança que faria uma viagem para se aproximar do menino, disse que compraria passagens e que passariam alguns dias juntos, mas era tudo uma farsa. Ele nunca comprou passagem alguma”, explicou o delegado.
Davi alugou um apartamento na capital paraibana, onde recebeu o filho na sexta-feira, 31 de outubro. “Assim que a mãe deixou a criança, ele iniciou a execução. O menino foi morto por asfixia, possivelmente com o uso de uma rede e um travesseiro. Depois, ele enrolou o corpo na rede, chamou um carro de aplicativo e seguiu até uma área industrial isolada, onde o enterrou”, detalhou Germano.
Segundo a investigação, Davi justificou o assassinato alegando estar “sufocado financeiramente” com o pagamento da pensão. “Ele afirmou em depoimento que via o filho como um problema. Disse que não suportava mais a pressão financeira. É um crime triplamente qualificado, por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, além de envolver ocultação de cadáver. A pena pode ultrapassar 32 anos de prisão”, ressaltou Germano.
Após o crime, Davi voltou a Florianópolis. No domingo (2), contou à própria mãe que havia matado o filho. Ela acionou a Polícia Militar, e o homem se entregou. “Ele ligou para a mãe da criança também, contou que havia matado o menino e desligou. Desesperada, ela nos procurou e relatou o que ouviu. Em seguida, recebemos as informações e localizamos o corpo em uma área afastada, com terreno arenoso. O corpo foi encontrado exatamente onde ele disse, em uma cova rasa, e os objetos usados no crime estavam no apartamento”.
A criança, que tinha apenas 5% da visão e dependia totalmente dos cuidados da família, nasceu prematura de cinco meses. A Justiça deve decidir nos próximos dias se o acusado permanecerá preso em Florianópolis ou será transferido para João Pessoa, onde o crime ocorreu.
Em Campo Grande, onde o menino nasceu e passou os primeiros anos de vida, a notícia causou desespero. A tia materna, de 45 anos, contou ao Campo Grande News na segunda-feira (3) que a mãe do garoto está em estado de choque e ainda não consegue falar sobre o caso.
“Meu sobrinho era um menino feliz e tranquilo; não falava, mas demonstrava carinho com gestos e sons. Ele nasceu com 24 semanas, ficou cinco meses na UTI da Santa Casa e superou tudo. Perdeu a visão, mas vivia bem. Não merecia esse fim”, lamentou a tia, emocionada.
Segundo ela, o pai morou por anos na Vila Planalto, em Campo Grande, antes de se mudar para o Sul. “Ele não via o filho havia muito tempo e fingiu querer visitá-lo. Minha irmã acreditava que ele queria passar uns dias com o menino. No domingo, ele ligou dizendo que tinha matado. É uma crueldade que não cabe em palavras,” contou, chorando.
› FONTE: CG News