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“Estava com a mala pronta”, diz professora que levou golpe de agência de viagens

Publicado em 12/12/2025 Editoria: Capital


Vítima preocupada com viagem em conversa com dona de agência. (Foto: Direto das Ruas)

Vítima preocupada com viagem em conversa com dona de agência. (Foto: Direto das Ruas)


Mayara afirma que dona de agência alegou ter levado golpe e não podia "fazer nada"

 


A proprietária da Conhecer Bonito Viagens, Wânia Raquel Theodorowicz, deixou um rastro de frustração, prejuízo e revolta em Mato Grosso do Sul. Entre as vítimas está a professora Mayara Regina da Silva, 36 anos, moradora de Campo Grande, que comprou um pacote para Porto de Galinhas, em Pernambuco, junto com o marido e quatro amigos, mas a viagem nunca existiu.

Mayara conta que decidiu contratar a agência novamente após uma primeira experiência positiva. “Já tinha comprado para ir para Bombinhas por indicação. Como deu certo, procurei novamente com amigos para viajarmos ao Nordeste”, relembra. Mas quando chegou a data da viagem, em outubro, tudo mudou.

Ela explica que passou semanas tentando contato com Wânia, sem resposta. “Mais perto da viagem ela respondeu que tinha levado um golpe e que não ia ter como fazer nada.” Desconfiados, os seis viajantes - ela, o esposo e quatro amigos - começaram a ligar diretamente para hotel e aeroporto. “Nunca foi feita nenhuma reserva. Na verdade, ela fez a reserva em um dia e cancelou no outro”.

Mesmo assim, até então Mayara acreditava que estava tudo certo, porque a proprietária garantia que encaminharia os vouchers de voo, hospedagem e transfer. “Ela falou: ‘mais perto eu mando’. A gente acreditou.”

Os pagamentos foram altos. Um dos amigos fez um PIX de R$ 5 mil. Mayara e a cunhada pagaram R$ 10,2 mil no cartão de crédito. “Chegou na semana da viagem e simplesmente disse que não tinha viagem, que ela não podia fazer nada pela gente.”

O grupo ainda tentou ir até o endereço da agência, mas encontrou apenas uma residência. “Disseram que não tinha ninguém lá, que o morador tinha se mudado”. Todo o contato havia sido feito pelo celular - justamente porque, da primeira vez, a compra tinha dado certo.

A frustração virou abalo emocional. “Na primeira semana que a gente descobriu ficamos transtornados. Ligava pra ela, ficamos revoltados”. No meio do caos, Mayara também perdeu uma amizade. “Perdi um amigo por causa disso.”

Ela conta que só conseguiu reembolso porque o cartão tinha seguro. Os demais seguem no prejuízo. “Descobrimos várias coisas. Ela fez o agendamento num dia e cancelou no outro. Ela podia ter explicado pra gente há muito tempo. Estávamos com as malas prontas”.

A professora ainda lembra que, depois do golpe, a acusada começou a se colocar como vítima. “Ela ficou se vitimizando, falando que Deus sabia do coração dela. A gente só cobrando nosso direito”.

O caso de Mayara integra o grupo de quase 30 vítimas que denunciaram golpes da Conhecer Bonito Viagens, com pacotes para diferentes destinos do país nunca realizados, reservas inexistentes e valores não devolvidos. Autoridades investigam as fraudes praticadas pela proprietária.

O outro lado - A empresária procurou a reportagem e apresentou sua versão. Ela afirma que o número de contato profissional usado pela agência foi perdido e todas as informações prestadas a clientes estavam sendo feitas apenas por meio do telefone pessoal, do e-mail e do advogado da empresa.

“Todos nossos clientes foram informados que estávamos somente com telefone pessoal e com e-mail e com nosso advogado.” Ela disse ainda: “Nós temos 15 anos de um trabalho ilibado.” Sobre as reclamações, acrescentou: “Infelizmente esse ano nós tivemos, como milhares de agências, sofreram com a quebra da Viagens Promo, que era nossa operadora”.

Segundo Wânia, “[...] mais de 60% já tiveram o problema solucionado”. Ela também declarou: “Não recebi absolutamente nenhum boletim de ocorrência até agora. Não fugi, dei assistência. Estou com advogado construindo. Não menti, não omiti.” A empresária afirmou que “não retirou valores” e que “estou trabalhando para resolver todos os casos”.

Wânia ainda alega ter enviado cartas de confissão de dívidas e desacordo comercial e concluiu: “Golpe é quando não se compromete, quando foge, quando se nega a conversar, quando usa o dinheiro para benefício próprio. Não se dá golpe com anos de trabalho honesto".



› FONTE: Campo Grande News