Estrutura pode impulsionar turismo, gerar empregos e oferecer segurança para embarcações, mas projeto segue parado
Aquidauana, conhecida como a “porta de entrada do Pantanal”, continua enfrentando um desafio antigo que limita o desenvolvimento do turismo e do uso sustentável do Rio Aquidauana: a ausência de um Ancoradouro Municipal público e estruturado.
Apesar de seu enorme potencial turístico e de iniciativas pontuais por parte de lideranças locais, a cidade ainda não conta com uma infraestrutura adequada para embarque e desembarque de embarcações.
Atualmente, pescadores, turistas e moradores que utilizam o rio para lazer, transporte ou pesca esportiva precisam improvisar, utilizar estruturas particulares — mediante pagamento — ou recorrer a áreas naturais de acesso precário. A situação, além de gerar riscos à segurança, desorganiza o uso das margens e desestimula atividades turísticas que poderiam movimentar a economia local.
Turismo reprimido pela falta de estrutura
Com localização privilegiada, Aquidauana é um dos destinos mais procurados para pesca esportiva, turismo de natureza, passeios fluviais e expedições pelo Pantanal.
A cidade recebe visitantes de diversas partes do Brasil e do exterior, atraídos pelas belezas naturais, diversidade de fauna e flora, e hospitalidade local. No entanto, a falta de um ancoradouro público representa um gargalo para o setor turístico.
Guias, agências de turismo e operadores de pesca relatam dificuldades frequentes na hora de embarcar seus clientes. Em muitos casos, o custo adicional para utilizar rampas ou píeres privados acaba sendo repassado ao turista — ou impede que pequenos empreendedores atuem com regularidade.
“A gente tem um rio belíssimo, navegável, com grande potencial, mas não temos estrutura mínima para usá-lo de forma segura e profissional. O ancoradouro é uma demanda antiga, e já passou da hora de sair do papel”, comenta Iramar Ferreira, guia de turismo e um dos defensores da proposta.
Iniciativas e entraves
A ideia de construir um ancoradouro público no Rio Aquidauana não é nova. A ex-vereadora Lenilda Damasceno, durante seu mandato, foi uma das vozes que defenderam a proposta na Câmara Municipal. Contudo, a ausência de um projeto técnico, somada à falta de inclusão no Plano Diretor Municipal e à burocracia ambiental, têm sido obstáculos para que a proposta avance.
Para que o ancoradouro se torne realidade, são necessários alguns passos fundamentais:
Elaboração de um projeto técnico e executivo, com definição da localização e estrutura da obra
Estudo de impacto ambiental, considerando as características ecológicas do rio e suas margens
Licenciamento junto aos órgãos competentes, como o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul)
Previsão orçamentária e busca de recursos, seja via prefeitura, governo estadual ou emendas parlamentares
Inclusão da obra no Plano Diretor do município, garantindo alinhamento com o planejamento urbano e ambiental
Potencial de desenvolvimento
Um ancoradouro público não traria apenas conforto e segurança para embarcações. Ele também representaria um marco na organização urbana das margens do rio, permitindo ações integradas de preservação ambiental, educação ecológica, monitoramento turístico e valorização da paisagem urbana.
Além disso, permitiria a ampliação da oferta de passeios turísticos regulares, atrairia mais investimentos para o setor hoteleiro e gastronômico, e geraria empregos diretos e indiretos, principalmente nas áreas de turismo, transporte e serviços.
“Estamos em uma região única no mundo. Temos a obrigação de tratar o rio como nosso principal ativo, com visão de futuro. Um ancoradouro é mais do que uma obra: é um símbolo de cuidado com a cidade, com o turismo e com as próximas gerações”, reforça o jornalista Iramar Ferreira.
Mobilização popular e política
Nos últimos anos, o tema voltou a ganhar força em discussões públicas, principalmente em redes sociais e grupos ligados ao turismo local. Há expectativa de que, com a atualização do Plano Diretor e o fortalecimento da pauta ambiental e turística na cidade, o projeto possa ser retomado e finalmente executado.
Para isso, segundo especialistas, é necessário articulação entre o poder público, setor privado e sociedade civil, além de vontade política para incluir a obra como prioridade no planejamento municipal.
Enquanto isso, o Rio Aquidauana segue cumprindo seu papel histórico e natural, mas ainda à espera de uma estrutura que permita à cidade se desenvolver de forma segura, sustentável e organizada.