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“Bebida, política e arma”, diz comandante da PM sobre morte de ex-vereador

Publicado em 09/05/2024 Editoria: Polícia


Coronel Carlos Magno, que comanda a PM em Anastácio, lamenta o “desfecho nada bom” também para a corporação
 
“Lamentável. O que junta bebida alcoólica, desavença política e arma de fogo...”, comentou o tenente-coronel Carlos Magno, comandante do 7º Batalhão da PM, que faz a segurança de Aquidauana, Anastácio e região, sem completar a frase.
 
Foi ele quem atendeu a ocorrência que chocou a região, nesta quarta-feira (8), e tomou as medidas necessárias para que os dois policiais militares responsáveis pelos disparos que mataram o ex-vereador Wander Alves Meleiro, conhecido como Dinho Vital, de 40 anos, sejamnvestigados “da forma mais sensata e isenta possível”.
 
De acordo com o coronel, o sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo, de 41 anos, e o cabo Bruno César Malheiros dos Santos, 33, se apresentaram ao comando, entregaram suas armas, foram interrogados e liberados em seguida. Os dois alegam que atiraram contra Dinho para se defender.
 
O ex-vereador foi morto na BR-262, depois de ter saído do almoço de confraternização pelo aniversário de 59 anos de Anastácio, realizado na Chácara do Gaúcho, perto da rodovia. O evento é realizado tradicionalmente após o desfile, reunindo políticos do município. Este ano, vários pré-candidatos à prefeitura e à Casa de Leis estavam presentes.
 
Na festa, Dinho bateu boca e tentou atacar Douglas Figueiredo (PSDB), ex-prefeito da cidade que teria sido anunciado como pré-candidato com apoio do também tucano Nildo Alves, atual prefeito de Anastácio. O ex-vereador tentou atacar o rival, mas apanhou, foi contido e retirado do local. Depois, segundo testemunhas, voltou armado.
 
De acordo com o coronel, em depoimento, o sargento e o cabo disseram ter testemunhado a briga entre Dinho e Douglas e que estão entre as pessoas que tentaram acalmar os ânimos. Relataram também que ouviram sobre ameaças de morte feitas pelo ex-vereador ao ex-prefeito e contaram que Douglas não estava mais na chácara quando Dinho voltou armado.
 
Os dois policiais resolveram fazer abordagem, quando Wander Meleiro empunhou a arma para eles e os dois “revidaram”.
 
Um desfecho para nós nada bom”, também comentou o comandante do Batalhão da PM da região.
 
Carlos Magno explica que como os PMs “agiram em razão da função, porque abordaram e se identificaram como policiais, e também pelas armas serem da corporação, o inquérito será conduzido pela Corregedoria da PM”.
 
Valdeci e Bruno negam que faziam parte da equipe de segurança particular de Douglas Figueiredo. Mesmo assim, esta é uma suspeita que será apurada, segundo o coronel. “PM tem que ter dedicação exclusiva, é falado isso no juramento”.
 
Argumentos da defesa – Lucas Arguelho Rocha, advogado dos dois policiais militares, explica que Bruno César nem trabalha em Anastácio. Atualmente, ele está lotado em Miranda e nesta quarta-feira (8), de folga, prestava serviço junto com a banda contratada para animar a festa. Além de músico, ele faz a montagem de equipamentos de som.
 
Valdeci também nega ser segurança particular e apresentou para registro da investigação conversa  de WhatsApp com o amigo que o convidou para a festa. “Isso está circulando na cidade, mas não tem fundamento algum. Essa versão cai por terra quando, por exemplo, a pretensa vítima de Dinho, sai da festa sem &39;seus seguranças&39;. Não se sustenta.”
 
O advogado explica ainda que os policiais não deixaram a cena dos fatos e, no local mesmo, se apresentaram e entregaram suas armas ao superior hierárquico. “Permaneceram no local dos fatos, cuidaram a cena, pediram socorro através de terceiros, se apresentaram ao Comando e entregaram as armas. Agiram naquele momento pelo instinto de defesa”.
 
Arguelho afirma ainda que, conforme os clientes o relataram, Dinho estava “muito alterado, proferindo xingamentos, ameaças às outras pessoas”. “Foi retirado pelo tumulto que estava causando e logo depois, alguém avisou que ele estava indo armado até lá, para as pessoas saírem de lá. Isso gerou um burburinho nos presentes e os policiais no instinto, até para não prevaricarem [descumprir o dever], saíram para tentar dialogar com a vítima”.
 
O defensor diz que o ex-vereador “estava com a arma em punho, fazendo a mira nos policiais” e “não obedeceu as ordens” dos PMs, para baixar a arma, por exemplo. “Quando ele [Dinho] foi em direção dos policiais, os dois usaram dos meios para cessar a agressão”.
 
O advogado argumenta ainda que se o sargento e o cabo não tivessem agido, o desfecho poderia ter sido pior. “Teria uma ou mais vítimas no evento. Ele [Dinho] foi para matar. Foi preparado para causar uma tragédia”.
 
Mais sobre a morte – O Corpo de Bombeiros foi chamado pouco depois das 17h desta quarta-feira (8) para uma ocorrência de disparo de arma de fogo na rodovia. No local, o óbito foi constatado e a PM (Polícia Militar) foi acionada. Dinho estava caído em frente ao veículo Fiat Toro que, segundo o site O Pantaneiro, tinha pneu furado.
 
Ainda não se sabe quantos disparos foram efetuados no local e nem quantos tiros atingiram o ex-vereador. Áudios que circularam nos grupos de WhatsApp dos moradores falavam em 15 tiros, a viúva revelou ter ouvido pelo menos seis disparos e o advogado dos PMs diz acreditar que dois tiros atingiram Dinho. “Ouvi dizer dois tiros”, afirmou, acrescentando que só o laudo da necropsia poderá confirmar a informação.
 
“Foi encontrada arma e munições com a vítima. Agora, a perícia vai trabalhar para distinguir de quais armamentos saíram os projéteis”, completou Arguelho. Ele afirma ainda que nem os clientes sabem responder se o ex-vereador chegou a atirar contra eles. “Porque foi uma fração de segundos”, explicou. -
 


› FONTE: Campo Grande News