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Análise de um vídeo falso do Kremlin usado para justificar guerra

Publicado em 14/04/2022 Editoria: Brasil


O Kremlin está alegando que as atrocidades cometidas por forças russas em Bucha, Ucrânia — documentadas por imagens de satélite — foram uma provocação encenada pelo Ocidente. A seguir, saiba o que na verdade parece uma provocação orquestrada.
 
Indícios sugerem que a Rússia usou um incidente simulado para justificar sua nova invasão em grande escala da Ucrânia em 24 de fevereiro.
 
O Kremlin tem intensificado sua campanha de desinformação desde que a Rússia começou sua guerra não provocada com a Ucrânia, mas vale ressaltar que muitas alegações falsas levaram a isso.
 
Um vídeo era tão suspeito — e tão abominável — que atraiu o escrutínio de Bellingcat, um grupo de jornalismo investigativo baseado na Holanda especializado em checagem de fatos e inteligência de código aberto.
 
O incidente em questão supostamente ocorreu em uma rodovia entre Donetsk e Horlivka em 22 de fevereiro aproximadamente às 5h da manhã, horário local. Surgiu a informação de que um dispositivo explosivo improvisado (IED, na sigla em inglês) havia sido detonado na rodovia, destruindo um furgão e um carro.
 
O vídeo mostrou três corpos carbonizados de dois veículos, aparentemente vítimas de uma bomba de beira de estrada, na região de Donbass, que as forças financiadas pela Rússia controlam desde 2014, quando a Rússia invadiu a Ucrânia pela primeira vez.
 
Partidários de Vladimir Putin e a mídia pró-Kremlin relataram que as Forças Armadas ucranianas estavam por trás do suposto IED e tinham como alvo um comandante militar afiliado com a chamada República Popular de Donetsk (DNR, na sigla em inglês) no leste da Ucrânia. 
 
Entre os que postaram as imagens nas mídias sociais e a alegação: o jornal diário estatal Izvestiya e a Milícia do Povo pró-Kremlin da República Popular de Donetsk (DNR).
 
O grupo Bellingcat contou com um especialista em armas explosivas e um patologista forense durante sua investigação, e o que eles viram não batia.
 
Nenhum dos veículos tinha placa de identificação.
Nenhum dos veículos parecia ter se movido do ponto de detonação, sugerindo que ambos estavam estáticos quando o IED explodiu.
 
O dano visto em ambos os veículos era inconsistente com uma explosão de IED. “Na minha opinião, as imagens não representam um cenário crível”, disse Chris Cobb-Smith, especialista em armas explosivas e diretor da Chiron Resources, à Bellingcat. “Acredito que o incidente foi fabricado para dar a aparência de uma explosão de IED na qual três indivíduos morreram.”
 
 
Os ferimentos nos crânios também pareciam inconsistentes com uma explosão de IED. O crânio de um dos corpos parecia ter cortes claros em ambos os lados da cabeça, separando claramente a calota craniana do resto do crânio. 
 
Bellingcat analisou códigos abertos e descobriu que esses cortes estão mais em conformidade com um procedimento realizado durante uma autópsia. A organização pediu a Lawrence Owens, da Universidade de Winchester, na Inglaterra, para analisar as imagens. Ele concluiu que as pessoas já estavam mortas antes de seus corpos serem colocados nos veículos.
 
relatório final do Bellingcatconclui que o incidente envolveu “o uso encenado de cadáveres e provavelmente danos falsos de IED”.
 
Conclusão: o Kremlin usou uma história falsa sobre um IED falso que não matou ninguém visando angariar apoio na Rússia para uma guerra que provocou. A guerra já  matou mais de 1.600 civis e feriu mais de 2 mil desde que foi iniciada há mais de um mês.
 
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› FONTE: Share.America