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Tenente-coronel da PM sofre ataque racista durante palestra virtual da USP

Publicado em 10/02/2021 Editoria: Brasil


Evanilson de Souza falava sobre o programa de combate ao racismo que desenvolve na corporação durante conferência virtual quando um dos participantes começou a escrever ofensas sobre a tela compartilhada.

Evanilson de Souza falava sobre o programa de combate ao racismo que desenvolve na corporação durante conferência virtual quando um dos participantes começou a escrever ofensas sobre a tela compartilhada.

O tenente-coronel da Polícia Militar de São Paulo Evanilson de Souza sofreu ataques racistas enquanto palestrava em uma conferência on-line nesta terça-feira (9). O policial, que é negro, falava sobre o programa de combate ao racismo que desenvolve na corporação quando um dos participantes começou a escrever ofensas sobre a tela compartilhada.
 
Evanilson participava da palestra em uma conferência internacional virtual organizada pelo Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).
 
O ouvidor da polícia, Elizeu Soares Lopes, que também é negro, prestou solidariedade ao tenente-coronel. Segundo a PM, Evanilson deverá registrar um Boletim de Ocorrência nesta quarta-feira (10).
 
O tenente-coronel não foi encontrado para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. Procurada, a USP ainda não se pronunciou.
 
Manual para combater racismo
Em entrevista ao G1 em dezembro do ano passado, o tenente-coronel Evanilson falou sobre seu trabalho na revisão do manual de Direitos Humanos da Polícia Militar.
 
"O negro tem pressa, porque é muito tempo sofrendo a mesma coisa. O racismo está enraizado nas pessoas historicamente e culturalmente e elas não percebem isso", disse Evanilson naquela ocasião.
 
O novo manual, segundo ele, tem o objetivo de "contribuir para a desestruturação do racismo estrutural".
 
Evanilson tem 50 anos e comanda o 11º Batalhão da PM, na área dos Jardins e Consolação, região central da capital paulista.
 
A ideia de se reformar o manual, de acordo com ele, é fazer com que os policiais paulistas reflitam e se conscientizem de que o racismo está presente no dia a dia nas ruas e identifiquem atos discriminatórios próprios e de colegas que possam ser corrigidos.
 
O atual manual da PM é de 1998 e a nova versão, segundo Souza, deve ficar pronta no 1º semestre de 2021.
 
"É importante mostrar para as pessoas que o racismo existe, que não é exagero, não é só um costume, uma brincadeira, um jeito. Porque é cultural e tradicional dessa forma [de discriminação]. É um racismo estrutural da sociedade que se arrasta até os dias de hoje", disse Evanilson, ainda em 2020.
 
Ele mesmo já havia relatado ter sido vítima de racismo.


› FONTE: G1