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Rio Betione também está no rastro da lama que não poupa cursos d’água em MS

Publicado em 24/02/2020 Editoria: Região


Antes e depois da Cachoeira da gruta, em janeiro, mostram o que ocorre quando o rio não é protegido

Antes e depois da Cachoeira da gruta, em janeiro, mostram o que ocorre quando o rio não é protegido

Águas turvas demoram a clarear e são resultado da ação humana em desarmonia com a natureza
 
Proprietários de uma área particular na zona rural de Bodoquena, a 266 km de Campo Grande, procuraram a polícia civil na semana passada para denunciar agressões ao Rio Betione, um dos cursos d’água da região que impressionam pela beleza. O problema é que o rastro de lama que escurece mananciais de Mato Grosso do Sul alcançou o Betione.
 
A proprietária conversou com a reportagem e pediu para não ser identificada. Assim como relatou à polícia, ela contou que flagrou 12 vacas pastando e pisoteando, tranquilamente, a área destinada a preservação, por exigência do Código Florestal.
 
Ela não sabe de quem são as vacas, mas teme a destruição da vegetação que protege as margens do rio e a degradação de um recurso responsável por movimentar a economia turística da cidade. Ao lado da propriedade em questão, vários ranchos, balneários, sítios e fazendas oferecem dias de tranquilidade para quem quer agradar os olhos com a beleza da água, o cheiro de natureza, o silêncio.
 
Assim como Bonito o que ocorreu em Bonito, e levou a decreto estadual com regras específicas para atividade agropecuária na região, a água deixou de ser clara em Bodoquena: em janeiro a cor verde água do Betione deu lugar ao marrom lamacento que, diferente de anos anteriores, custou a clarear.
 
“Infelizmente não é a primeira vez. Algumas vezes mandamos embora, espantamos, não era uma quantidade grande, imaginávamos que tinham fugido para aproveitar o pasto. Mas dessa vez comeu todas as plantas, a braquiária, na mata também tem rio”, contou.
 
Pedido de ajuda – No final de janeiro o prefeito de Bodoquena Kazuto Horii (PSDB) procurou o governo estadual para pedir auxílio legal, semelhante ao decreto que hoje protege rios como o Formoso, em Bonito. Ele se reuniu com o titular da Semagro (Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) Jaime Verruck.
 
Presidente do Condema (Conselho Municipal de Meio Ambiente), Reginaldo Medeiros Barreto contou a mesma situação que veio a tona quando o rio da Prata e o Formoso ficaram escuros em Bonito: há avanço desmedido e sem proteção da atividade agropecuária. Reginaldo citou a soja e o milho.
 
“Devido às chuvas, nessa época, começou a ficar a turvo por mais tempo, demorou para clarear, empresários procuraram o departamento de meio ambiente [da Prefeitura], que foi averiguar a campo o que estava acontecendo”, disse.
 
Conforme explica Reginaldo sobre o curso deste rio, seu comprimento é menor do que outros mananciais de Mato Grosso do Sul. O Betione, explicou, nasce em uma propriedade rural chamada Fazenda Cachoeira, localizado a 35 km de Bodoquena. No fim, ele deságua no Rio Miranda, mas até chegar lá, banha 7 balneários e um atrativo com passeio e hospedagem.
 
O presidente afirma que outro componente identificado como motivo da água turva foi obra em rodovia, cujos sedimentos acabam por chegar ao Betione.
 
“Foi identificado o turvamento pelo córrego Lageado que nasce perto da MS-178 com asfalto finalizado entre 2009 e 2010, liga Bodoquena a Bonito. Devido ao trabalho, o sedimento ainda vem com a chuva pelo Lageado e vai até o Betione”, explica.
 
Segundo ele, depois de levantamento realizado pela Prefeitura na zona rural, parte dos proprietários se comprometeram a adequar as curvas de nível nas plantações. “Deu uma melhorada, mas daí o Condema se preocupando com o avanço das lavouras na cidade está elaborando uma lei municipal que tenha restrições quanto ao avanço das lavouras”, disse.
 
Há, ainda, outro fator. A falta de drenagem em área urbana da cidade na região do centro culmina na desproteção do Betione, na zona rural. Reginaldo afirma que essa área já está em obras. "Tem um outro trabalho sendo feito pela Prefeitura, não tem drenagem no centro da cidade, uma água lá de cima que impacta no turvamento do rio, a Prefeitura já está fazendo um trabalho, está em obras”, comentou.
 
 


› FONTE: Campo Grande News