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Contra Covid-19, vacina BCG começa a ser aplicada em voluntários em Campo Grande

Publicado em 20/10/2020 Editoria: Saúde


Enfermeiro há 9 anos, Everton é o primeiro voluntário a testar o projeto clínico em Campo Grande - Bruno Henrique/Correio do Estado

Enfermeiro há 9 anos, Everton é o primeiro voluntário a testar o projeto clínico em Campo Grande - Bruno Henrique/Correio do Estado

Uma das principais vacinas do mundo, Bacillus Calmette-Guérin, conhecida como BCG, que tomamos ao nascer para prevenir a tuberculose, está sendo testada para uma possível prevenção ao coronavírus. Campo Grande foi uma das capitais escolhidas para aplicar o estudo clínico, chamado de Brace Trial Brasil (BTB), em profissionais da saúde. A aplicação da vacina começou nesta segunda-feira (19) na sede da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
 
Ao todo, dois mil profissionais da saúde, que incluem não apenas os médicos e enfermeiros, mas motoristas de ambulância, recepcionistas de instituições, trabalhadores da limpeza e manutenção diária, poderão ser voluntários do estudo clínico. Segundo informações, todos passarão por uma entrevista e testagem sorológica antes de revacinarem a BCG e os voluntários serão acompanhados semanalmente por até 12 meses após a revacinação.
 
“É uma vacina antiga, ela tem atuação direta ao combate à infecção de vírus respiratório, tanto em crianças como idosos, estamos em estudo clínico para que ela possa garantir algum benefício no combate à Covid-19”, explicou o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Júlio Croda.
 
Ainda segundo o infectologista, o objetivo inicial do projeto que envolve diversos países como Austrália, Espanha, Reino Unido, Holanda e agora o Brasil, é testar diretamente nos profissionais que tem o maior risco de contágio do coronavírus, que são os profissionais da saúde. “A pesquisa irá recrutar mais de 10 mil trabalhadores do mundo todo para podermos acompanhar, neste um ano, reações e/ou sintomas de Covid-19 e possíveis evoluções com a vacina da BCG”, explicou.
 
Voluntário n.º 1
Enfermeiro há nove anos e professor substituto da UFMS há um ano, Everton Ferreira, 32 anos, que também acumula o título de doutor em Doenças Infecciosas foi o primeiro voluntário para tentar ajudar a encontrar uma possível vacina da doença que assolou o mundo. “Estou me sentindo um cidadão consciente porque a gente entende que é uma pesquisa importante para o fomento de políticas públicas conscientes, pautadas na ciência e como profissional da saúde, pesquisador me sinto orgulhoso em acreditar nesse estudo e em ter essa oportunidade de colaborar com a sociedade”, enfatizou o voluntário.
 
Quanto às expectativas positivas, obviamente, da possível vacina da BCG atuar diretamente ao combate do coronavírus, o primeiro voluntário diz: “vários estudos já tem sido publicado mostrando um impacto positivo em relação ao que a BCG traz, em termos de proteção de doenças respiratórias, então estamos com todas as expectativas positivas possíveis com esse estudo clínico”.
 
Efeito Colateral
 
Sobre os possíveis efeitos colaterais, o infectologista garante que, por ser uma vacina antiga e ter uma reação imunológica muito forte, a equipe de saúde tem um certo preparo a ela. “A gente conhece essa vacina desde 1921, ela é usada por mais de 120 milhões de crianças anualmente, portanto as reações dela são bastante específicas, diferente das reações da vacina da Covid-19, que é totalmente desconhecida e que estamos descobrindo”, argumentou.
 
Para a coordenadora da Fio Cruz em Mato Grosso do Sul, Gislaine Guilhermino, apesar de ainda não existirem evidências científicas que a BCG tenha um impacto na prevenção de casos de Covid-19, o estudo vem para avaliar essa testagem. “Além do resultado da pesquisa, o que esperamos é que seja positiva, penso que o estudo traz um legado para Mato Grosso do Sul e um destaque para nossa competência técnica e científica”, avalia.
 
Já sobre Mato Grosso do Sul acolher a pesquisa nos profissionais locais, a coordenadora diz que é um protagonismo importante para o Estado. “Reforça Mato Grosso do Sul como um centro de pesquisa clínica qualificado, dentro de critérios internacionais e faz com que a gente seja capaz de atrair novos estudos científicos”, finaliza.
 
Vale ressaltar que, além de Campo Grande, a pesquisa será feita também na cidade do Rio de Janeiro. Para ser um voluntário é necessário realizar um pré-cadastro no site da UFMS ou procurar a Faculdade de Medicina da entidade.
 


› FONTE: Correio do Estado